sábado, 19 de junho de 2010

A PAIXÃO COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO:

O Yetzer haRa – a má inclinação – não é nada mais do que a energia reprimida, que deve ser transformada e sublimada na sua expressão de energia espiritual.

O Baal Shem Tov, mestre de memória abençoada e que o azeite se derrame em sua descendência, sejamos dignos de exprimir seu pensamento, explica que duas letras hebraicas, Resh e Ayin (ר e ע) – soletram a palavra “mal” – r’a – que, invertida, dá a palavra “´er”, que significa “estar acordado”. O Yetzer ha’Er seria então a inclinação ao despertar que repousa dentro de cada um de nós. Como a serpente, em que os olhos permanecem sempre abertos, há uma parte em nós que deve sempre estar desperta e sempre ser estimulada. Em conseqüência, quando nós não participamos, seja de uma forma ou de outra, à espiritualização ou à expressão espiritual de nossa intimidade, devemos buscar um estímulo exterior pelo estudo, pela dança, cantos, arte. A cabala nos ensina que a sexualidade e a espiritualidade são uma energia UM. Na sua forma inferior, ela se manifesta como um instinto primário e se manifesta como o estupro. Em sua forma elevada, ela se manifesta como um amor intenso e ilimitado do amor divino, uma paixão pela vida e a eclosão da beleza do ser interior. Na sua forma elevada de alegria e de felicidade, ela nos permite alcançar as esferas proféticas de inspiração divina (Likutey Moharan I, 24).

Nossos sábios, de memória abençoada, dizem que quando duas palavras hebraicas têm um mesmo valor numérico, elas de fato são da mesma essência, mas em um nível mais sutil e mais oculto. Talvez seja por isto que as palavras hebraicas Mashiach (messias) e Nachash (serpente) têm o mesmo valor numérico de 358. Na aparência, elas parecem representar duas forças opostas; mas, na essência, elas estão ligadas. A tradição nos explica que, quando chegará a era messiânica, nossos instintos primários serão retirados e que tudo se transformará em bem. Isto significa que nossos instintos serão elevados e que eles não serão mais reprimidos, mas que a pulsão íntima retornará à sua paixão original de encontrar sua realização na vida espiritual e do amor do D-eus vivo (Tikuney Zohar 21 43a).

A vida é uma celebração que deve ser vivida; e se negamos nossa própria natureza e seus desejos, então estamos negando sua natureza divina e humana; estaremos negando a glória intrínseca de nossa essência divina. O individuo espiritual tem necessidade de elementos positivos para se transformar; ele utiliza seus desejos terrestres a fim de sublimá-los em expressões criadoras e divinas. Ele eleva a serpente, a fim de retomar a rota do reino divino que está em nós e em torno de nós

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